24 de jan. de 2012

Lançamento: Festa no Covil

A editora Companhia das Letras, lançará em 6 de fevereiro, o livro "Festa no Covil",  que conta a história de Tochtli, o filho de um poderoso traficante mexicano que quer um hipopótamo anão da Libéria para seu zoológico particular. Confira abaixo a capa e a sinopse do livro:
Festa no covil conta a história de Tochtli, um garoto que quer um hipopótamo anão da Libéria para seu zoológico particular. Um hipopótamo anão da Libéria? Claro, por que não? Por que se conformar com um cachorro, um gato ou um canário?

O normal seria que, se um garoto quer um hipopótamo anão da Libéria como animal de estimação, pensássemos que sua relação com a realidade é, digamos, estranha, distante ou irreal. (“Ele tinha uma relação irreal com a realidade”, eu gosto dessa frase.) No entanto, Tochtli tem seus motivos para acreditar que pode ter tudo o que quiser na vida. Seu pai, Yolcaut, é um poderoso traficante. Ambos vivem trancafiados numa mansão imensa, luxuosa e hiper kitsch localizada no meio do nada. Eles têm tigres e leões. Gaiolas cheias de pássaros exóticos. E agora embarcam numa aventura para conseguir um animal raro, em perigo de extinção.

É verdade que Tochtli tem uma relação engraçada com a realidade. Pensando bem, no México dizemos que o engraçado é parente do feio, então seria melhor dizer que sua relação com a realidade é extravagante. Ele adora chapéus e está sempre de chapéu. Lê o dicionário todas as noites, e de lá tira palavras difíceis como sórdido, patético ou nefasto. Ele também gosta dos franceses, que inventaram a guilhotina, e dos filmes de samurais com seus sabres fulminantes. Ah, eu já estava esquecendo, claro, tem dias em que ele passa horas jogando playstation.

Ao redor de Tochtli, perambulando pelos cômodos da mansão, há algumas pessoas, umas treze ou catorze: seu professor particular, empregados, seguranças, prostitutas, traficantes e um ou outro político que às vezes vem jantar e conversar sobre negócios importantes. Mazatzin é o tutor de Tochtli e se encarrega de sua educação e de ensinar a ele coisas fundamentais para todo garoto latinoamericano, por exemplo: que os gringos americanos têm a culpa de tudo. Os malditos gringos de merda. E também: que os espanhóis roubaram a nossa prata.

Dizem que a mansão de Festa no covil é uma metáfora do México atual, imerso em um estado permanente de psicose coletiva devido à guerra contra as drogas do presidente Calderón. O livro foi classificado, junto com outras obras recentes, como uma narconovela, um gênero que antes alcançou o auge na Colômbia. Mas a história que Tochtli conta não é a épica de um criminoso, é a história íntima de uma família, o relato do cotidiano de um pai obcecado em proteger o filho e de um filho que tenta aprender a viver. E a sobreviver. Porque, no fundo, este romance é a história que escrevi para meu filho mais velho, que hoje mora no Brasil: um romance sobre a inocência, a solidão e o poder, uma história sobre a realidade desse país que também é dele, esse México ferido.

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